Eu tenho percebido o quanto equilibrar momentos de atividades de trabalho e processos de recolhimento/descanso tem sido tão importante para mim. Me perguntei se seria potente também entender a importância desse processo para sua saúde mental e emocional e é sobre isso que falaremos hoje.
Postarei esse blog hoje e outra parte na semana que vem (na continuação deste texto mesmo), o formato é muito parecido com os blogs do mês de aniversário da Tons Psicologia LGBT+ de 2020: https://tonspsicologialgbt.com.br/category/o-que-e-a-tons-psicologia-lgbt/
O QUE FOI 2020 PARA VOCÊ?
Continuo minhas reflexões de final de ano para entender o que levo de nutrição e aprendizado e o que ficará para trás.
O ano de 2020 foi no mínimo pitoresco. Começou como um susto para mim, com muito medo, angústia e com um processo de reclusão que eu precisei para entender os sentimentos que apareceram.
No inicio as pessoas não entendiam muito bem o que estava acontecendo nem como lidar com a pandemia (de certa forma ainda estamos nesse caminho). Então quando entrou o segundo semestre um fenômeno interessante aconteceu.
Eu já sei como funciona a exigência social por produtividade e como isso tem efeitos emocionais importantes em nós, eu só não imaginei que ao virar o semestre as coisas tomariam um tamanho tão intenso para mim. Minha sensação foi de trabalhar com o volume de um ano em seis meses e foi bastante complicado me realinhar depois deste fenômeno.
O DESCANSO E COMO FOI DIFÍCIL.
Que doideira, né? Eu sempre estive próximo de pessoas super acolhedoras e cuidadosas em todos os projetos que atuei e atuo, contudo a conta chega para todo mundo e o sistema pedia que a produção não parasse, ele pedia isso com juros e correção monetária.
Por volta de outubro eu estava tão estafado… e veja bem às vezes a exigência não é tão nítida quanto parece, as pessoas a nossa volta podem não ter intenção de causar uma pressão tão estafante, mas aconteceu.
Eu não conseguia descansar por conta das repercussões emocionais que que eu achava que poderiam acontecer. Qual o efeito do excesso de trabalho na gente emocionalmente? Quais são as consequências?
REVERBERAÇÕES EMOCIONAIS
No meu caso eu gerei um nível de autocobrança absurdo (sim querido Foucault eu mesmo vigiei e puni a mim mesmo), estive muito angustiado, com medo de que se eu negasse fazer as coisas e colocasse limites as pessoas não me amariam/aceitariam em seus espaços afetivos e de trabalho (ahh e como ser amado é importante para uma pessoa LGBT+, não é mesmo?).
Aos poucos fui entendendo que as coisas precisam de meios termos. Descanso ao corpo, mente e espírito são tão necessários quanto água, alimento e afeto.
As emoções que eu senti (e também as que você pode estar sentindo) são apenas mensageiras e você deve tentar buscar entender elas (se fizer sentido inclusive com ajuda profissional). Não existe um culpado direto, se existe esse não é meu foco aqui hoje. A reflexão é a seguinte: podem existir formas mais humanas de manejar essas pressões e intensidades? Se sim então como se faz isso?
FORMAS DE ESTIMULAR O DESCANSO:
Aqui vão algumas coisas das quais me ajudaram muito ou apareceram na minha troca com meus pacientes enquanto pensávamos sobre descanso. Lembre-se que essas dicas não são regras fechadas. Você pode seguir as que fizerem sentido ou usá-las para se inspirar e criar estratégias que mais se adequem a sua realidade e seus gostos.
FIQUE ATENTE AOS SINAIS DO SEU CORPO: essa é uma coisa super importante que se destacou essa semana com ume paciente e é a primeira coisa que precisamos notar como uma ferramenta super importante, pois a sabedoria vem primeiramente do nosso organismo. É o corpo que dará os primeiros sinais e se estamos bem sintonizades com ele então vai parecer muito contraditório não acatar seus pedidos de descanso. Quando ele pedir apenas ouça e honre seu organismo!
VERIFIQUE COMO ESTÁ SUA AGENDA: o que pode ser reduzido ou pausado nesse momento para que você possa se dar um respiro e recarregar as baterias para continuar? Pensei com calma e tentei aplicar isso no meu dia a dia para poder voltar mais energizado e presente na entrega de um bom trabalho do qual eu me orgulhe por estar inteiro e descansado para fazer meu melhor.
MÚSICA, DESENHO, FILMES: fiz coisas que me deixassem mais leve, o que me deu a chance de limpar a mente e dar espaço para um processo reflexivo importante sobre o que eu realmente queria para esse ano. Acabei com isso descobrindo que o que eu de fato quero é que a palavra chave desse ano seja “leveza”!
Se possível, e se fizer sentido para você, tente buscar leveza. Uma das formas é procurar um hobbie e se dedicar a ele.
QUAIS SÃO OS SEUS LIMITES? VOCÊ OS HONRA E OS PROTEGE?: entendi e deixei bem nítido quais os meus limites físicos e emocionais. Fiz isso porque percebi que me ajudaria a alcançar bem estar. Nessa busca me foi pedido não apenas consciência dos limites, mas que eu também bancasse eles a ponto de que se eu decidisse fazer algo eu teria muita segurança que faria de uma forma muito bonita, pois eu estaria respeitando a mim e desenvolvendo os projetos com toda minha dedicação e amor.
Entenda que relaxar faz parte e é o que nos dá energia para produzir bem, com muito mais sentido e respeito a quem somos e aos outros que se nutrem de nossa presença. Essa forma de autorrespeito é algo que entendo não ter preço, cultive e se nutra disso em todas as chances que você tiver!
Nos vemos logo em breve no blog de março!
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Ailton Gomes – Psicólogo Clínico com foco em diversidade, gênero e sexualidade.
Essa pergunta final não sei como responder, até porque acho que é parte de um processo de autoconhecimento, tentativa e erro, mas o texto resumiu muito bem para mim o 2020/2021, passei por situações semelhantes, ainda não tracei metas para 2021, talvez para não gerar mais autocobrança, aprendendo a dizer não quando necessário, me retirando de situações ou espaços que me ferem.
Vamos responder ela juntos na semana que vem Adenilson, mas estou bastante contente com o processo que você já vem fazendo. Parece bem nutritivo e saudável!